Há três dias, sofro um intenso ataque da mídia amazonense, que veicula inverdades sobre posições minhas, truncando e deturpando informações, com o único intuito de denegrir minha imagem e prejudicar minha candidatura à Presidência da República, ao lado de Beto Albuquerque, meu vice na chapa da Coligação Unidos pelo Brasil – o que denota o desespero de nossos adversários e seus vocalizadores. Em respeito aos cidadãos do Amazonas e no intuito de resgatar a verdade dos fatos, é que decidi escrever esta carta.
O ponto central dos ataques é a afirmação errônea de que sou contra o projeto da BR 319. Isso não é verdade. O que afirmei, quando aí estive recentemente, e hoje reitero, é que o projeto precisa comprovar sua viabilidade econômica, social e ambiental.
Os estudos devem demonstrar que essa é a melhor alternativa de transporte entre Porto Velho e Manaus e apresentar medidas concretas que serão adotadas a fim de se evitar prejuízos sociais e ambientais associados ao desmatamento a à ocupação desordenada no entorno da rodovia.
O que os amazonenses precisam se perguntar é a razão de a BR até hoje não ter sido concretizada, se sua recuperação foi anunciada pelo governo federal em 2005 e suas obras pretendidamente iniciadas no final de 2008? Seis anos e quatro meses após a minha saída do Ministério do Meio Ambiente, o processo de licenciamento da BR 319 encontra-se paralisado, porque ainda perduram inconsistências no estudo.
Faltou empenho das autoridades competentes nas esferas federal e estadual para a condução a contento desse projeto. Dirigente público comprometido com o interesse da sociedade e responsável pelo dinheiro do contribuinte age com retidão.
No período em que fui ministra do governo Lula, entre janeiro de 2003 e maio de 2008, a Pasta do Meio Ambiente emitiu licenças complexas e polêmicas, como o asfaltamento da BR 163, que liga Cuiabá a Santarém, das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia, e da própria obra de Transposição do Rio São Francisco.
Ainda no Ministério, uma de nossas maiores conquistas foi o Plano de Ação para Prevenção e o Controle do Desmatamento da Amazônia Legal, que contou com o esforço integrado de 13 ministérios. Graças ao projeto, o ritmo de desmatamento da Amazônia caiu 57% em apenas três anos, passando de 27 mil km² para 11 mil km² ao ano. Em meu governo, pretendo retomar o Plano Amazônia Sustentável, que desenvolvi ainda no ministério, e que trazia cinco eixos estratégicos: programas de desenvolvimento sustentável, gestão ambiental e ordenamento territorial, inclusão social, infraestrutura e um novo padrão de financiamento para a região.
Não sou de afirmações fáceis.Mas defendo que o desenvolvimento não pode se dar centrado no crescimento a qualquer custo, com ganhos exacerbados para poucos e resultados perversos para a maioria, principalmente para os mais pobres, a partir da destruição de recursos naturais e da qualidade de vida.
Marina Silva
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